Tudo começou no ano de 1996, quando ele trabalhava em um posto de gasolina ,quando minha mãe soube que ele passou mal e disseram que poderia ser um problema de fígado. 

Anos mais tarde, em 2008, sentia fortes dores para urinar, mas mesmo assim continuou sua vida, pois estudava à noite e de dia trabalhava.

Quando em 2011, resolveu fazer o exame chamado PSA e pra nossa surpresa, alterado. Foi encaminhado ao urologista e fez o exame de toque e também biópsia. Eu me recordo que ele saiu do consultório falando e chorando e que o médico faria o encaminhamento dele ao oncologista (o melhor da cidade), para tratamento pois ele tinha um tumor maligno na próstata. Com isso começou a longa jornada de 12 anos de luta, parece brincadeira, mas é verdade; meu pai estava em uma luta de 12 anos de câncer e quimioterapia.

Quando encaminhado para o oncologista o médico logo passou todos os exames necessários. Um deles é a cintilografia óssea para ver as condições dos ossos, já que o tumor só está  na próstata. Um tio meu, que ajudava, o levou para a cintilografia junto com minha mãe e  quando o resultado chegou o médico concluiu:  neoplasia de próstata, com metástase óssea. O estágio do meu pai já era o Grau 4 e não poderia operar. Ele teria  cuidados paliativos, nós entramos nessa luta com ele, de quimioterapia,36 sessões de radioterapia e ele sempre sorrindo, corria, caminhava, jogava bola e assim foi por inesquecíveis 11 anos. No último ano que ele piorou, teve 2 vezes COVID, mas não precisou nem de hospitalização. 

Ele tinha uma fé inabalável e acreditou até o último dia de vida. De um ano pra cá, após uma hospitalização por plaquetas baixas, foi só piorando. Não saia mais com a gente, não falava muito. Estranhamos porque sempre foi brincalhão, ele fez um exame e descobrimos que o tumor estava também na pleura, nesse tempo o tumor na próstata estava praticamente indetectável, mas também estava na pleura. 

De agosto de 2022 pra cá,ele emagreceu muito e reclamava de uma sinusite e ouvido tampado e mesmo assim não desistiu, continuou com as sessões de quimioterapia, as pernas não obedeciam mais e nesse ano a dificuldade tomou conta dele. Mesmo com dores, fazia tudo sozinho, andava sozinho, banho sozinho, mas um dia começou a ter a visão escura e a gente achava que era de anemia, já que estava com anemia. Para completar o coração aumentado, achamos que poderia ser do remédio chamado restiva que colocamos nele para não sentir dor mas não era. 

No dia 20/03/2023 internamos ele com uma febre, que o deixou desorientado, e chegando ao hospital foi direto para sala vermelha. O estabilizaram e mandaram pro CTI, chegando lá estava lúcido, sempre com fé e esperança que dias melhores viriam na presença do Senhor. 

Eu o vi, minha mãe e meus irmãos também, no outro dia ele melhorou bem, mas na quarta-feira piorou muito e precisaram entubá-lo. Antes disso oramos com ele, falamos o quanto o amamos, que ia ficar tudo bem e assim foram feitos exames e lá estava metástase cerebral. Era isso que o deixa surdo, sem enxergar e sem comando nas pernas. 

Nesta semana, no domingo de madrugada, dia 26/03/2023, às 3:08 da manhã, que o amor da minha vida faleceu, após 5 paradas cardíacas. Um verdadeiro herói, lutou até o fim. Eu deixo esse depoimento para testemunhar as maravilhas que Deus faz, pois ele superou as expectativas humanas, esse tempo era o que Deus tinha pra ele e ele foi muito feliz com a família e amigos. Ele sempre ficou bem e tinha uma mente boa para enfrentar toda essa situação, desde já agradeço a Deus pela vida dele e por ter a oportunidade de conviver todo esse tempo com ele. Foi um privilégio poder ser filha dele, Deus é o que nos sustenta.

Agradeço todos que nos apoiaram nessa luta, nossa família, ao oncologista dele, que virou amigo dele, ao hospital e todos os médicos que trataram ele muito bem, aos amigos pelas as orações e apoio, só gratidão tenho por  Deus e também ao Oncoguia por nos dar a oportunidade de poder falar da linda história desse homem guerreiro e exemplar para todos nós, o amor das nossas vidas, nosso eterno herói.