Eu tive câncer de ovário em 2013, fiz histerectomia e tratei com quimioterapia, radioterapia e braquiterapia. Enfim, foi uma das fases mais felizes da minha vida. Apesar do tratamento judiar um pouco, falo isso porque nunca levei o câncer como uma sentença de morte e sim de vida. Voltando acima no caso da minha irmã Bete.

Minha irmã fez uma cirurgia onde foi retirado um terço do pulmão direito. A cirurgia foi um sucesso. É fumante e continua fumando. Minha irmã tem esquizofrenia e conseguiu rapidamente começar o tratamento, mas ela se nega a se tratar. 

Foi internada por desnutrição, passou pela equipe multidisciplinar, psicóloga, psiquiatra, não tem acordo, nada ela aceita. Atualmente está muito magra, ela vai às consultas paliativas mas não aceita fazer tomografia, ecocardiograma, nem exames de laboratório (na esquizofrenia tem mania de perseguição, entre outras coisas). 

Não podemos forçar o tratamento, mesmo que ela fosse mentalmente saudável, por uma questão do corpo ser inviolável. Me questiono, mas tenho que concordar. É muito difícil estar no dia a dia com ela, vendo morrer aos poucos, muito abatimento, falta de apetite, falta de ar, etc. 

A Oncologia do Hospital Anchieta é maravilhosa. Me disseram que se ela tiver uma parada respiratória não pode entubar. Não sei se isso acontece com outros familiares, ou se existem casos parecidos com o da minha irmã Bete.

Gratidão por esse espaço, em poder dar e se possível ajudar de alguma forma.