Oi, meu nome é Enderson, tenho 14 anos e estou fazendo meu depoimento sobre a perda da minha mãe na adolescência.

Bom, confesso que não fui um bom filho, quase não ajudava ela em nada e eu sempre queria as coisas. Minha mãe tinha 42 anos quando descobriu o câncer de mama, só que já era tarde. Ela até foi ao médico mas um dia ela não aguentava mais levantar da cama; gritava de dor, estava muito frágil. 

Eu tinha um padrasto e dois irmãos, meu padrasto era muito bom com minha mãe e com a gente. Ele ia com ela para o hospital, fazia comida, fazia tudo e de tudo por ela. Ele não a abandonou e ficou até o fim de sua história com ela.

O tempo foi passando e minha mãe começou a piorar, ia para o hospital e nada acontecia. Ofenderam à minha mãe e não queriam buscá-la em casa. Hoje me arrependo de tudo que fiz, parece que minha vida acabou. 

Quando chegou numa sexta-feira resolveram interná-la na estadual, um hospital daqui e eu estava acordado pra ir para a escola. Foi a última vez que vi minha mãe, ela estava toda feliz, ainda era firme e não se deixava abalar.

Chegou a noite de  sexta-feira e minha irmã foi para a casa do meu pai, pois ela não teria com quem ficar em casa. Pegou as roupas e foi. Eu fui pra passar uns dias porque eu era ruim, mas não queria ficar longe da minha mãe mesmo com os gritos e choros toda noite. 

No sábado, meu tio mandou uma mensagem para o meu pai contando uma notícia.  Meu pai veio e nos falou que nossa mãe não aguentou e faleceu, nesta hora eu caí no choro. E ao mesmo tempo eu não acreditava, foi quando ela estava no caixão que minha ficha caiu. Eu, que só queria as coisas e não fazia nada, me senti um lixo e hoje choro pedindo o seu perdão.