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  • Gabi Chagas - Câncer de Mama Avançado
    "O câncer levou minha mãe querida."

Minha mãe, minha Rose, era assim que todos nós chamávamos ela!


Nosso diagnóstico veio no final de 2018, um câncer de mama Hr2 positivo, já em estágio 3, mama esquerda e axila comprometida.


Meu mundo caiu por terra, nunca imaginaria um dia passar por aquilo, na nossa família nunca teve caso de câncer ou qualquer outro tipo de doença grave, foi aquela correria exames sem fim, para saber se já havia metástases pelo corpo.Para surpresa, até do oncologista, o câncer, apesar de avançado, estava apenas na mama e axila esquerda. 


Início  de tratamento em 2019: foram 4 quimioterapias vermelhas, 16 brancas, após as QT cirurgia da retirada da mama esquerda e retirada de 3 sentinelas na axila esquerda, resultado da biópsia após cirurgia minha rose estava 

"curada " não havia sinal do câncer. Nossa, que felicidade, quanta gratidão, seguindo tratamento ela fez 25 rádios e uso do herceptin por 1 ano.


Em 2020, minha mãe começou a tossir sangue e após uma tomografia a confirmação mais dolorosa de todas, o câncer de mama havia voltado, estava em um lugar inoperante no pulmão dos brônquios e na artéria pulmonar esquerda! 


Nossa, não me lembro de sentir tanto medo, tanto desespero na vida. Para ajudar, descobrimos que seu coração estava fraco devido ao uso do herceptin e que não aguentaria outro tratamento. Então corremos ao cardiologista para tentar fazer o coração melhorar para iniciar o tratamento, ou ela iria morrer sem ter a chance de lutar pela vida.Foi quando a ficha caiu, sua mãe agora é uma paciente paliativa (não tem cura), mas é possível ter qualidade de vida.


Após dar início ao tratamento voltamos a QT venosa nesse mesmo tempo tratando o coração também, que deu uma melhorada. Após 6 ciclos, novos exames e mais surpresas desagradáveis: o câncer não respondeu ao tratamento e tínhamos agora outra metástase óssea na bacia e na coluna, começaram as dores ósseas. 


Nossa, coitada da minha mãe, nada tirava suas dores, passamos 2 dias em casa, 1 no hospital, tomando morfina. Até que apareceu um caroço na cabeça, logo me desesperei, mas sempre tentava passar para ela tranquilidade.


Ela já se encontrava bem debilitada, muito magrinha a quimioterapia oral acabou com seu corpo mais que o próprio câncer, e depois de um tempo ela começou a esquecer as coisas, levantava para ir ao banheiro não sabia onde era ou ficava rodando a casa procurando, se perdendo no espaço e tempo.


Logo chamei meu pai e falei que ela está com isso na cabeça, liguei para oncologista que logo optou pelo internamento para agilizar exames e rádio para aliviar as dores.


Minha mãe foi internada em agosto de 2020, ficou 49 dias internada, nesse tempo várias coisas aconteceram: metástase no sistema nervoso, passou a usar fraldas, ter alucinações e por fim estava evacuando sangue.


No início de outubro, após o fim das rádios, ela estava mais estável e o médico liberou sua volta para casa, mas eu sabia que não seria fácil, ela estava mais debilitada, usando fraldas e quase não conseguia andar e se alimentar.


Após 7 dias em casa, ela começou a ter ausências e a travar a boca e iniciou uma rouquidão horrorosa nos peitos. Chamei meus irmãos e falei que voltaria com ela para o hospital, que sabia que não teria volta, que todos viessem se despedir enquanto ela ainda tinha momentos de lucidez. 


Voltei com ela para o hospital na terça-feira, meu Deus,  ela começou a ter dificuldade em respirar, me chamava o tempo inteiro, clamava a Deus misericórdia, pedia ajuda!


Tudo isso me marcou de uma forma eterna, nunca esquecerei esses dias/noites. Na quinta-feira a médica me chamou e disse: olha, não tem mais o que fazer, ela se encontra em processo ativo de morte. 


Deus do céu, senti na hora uma dor no peito, uma angústia, engoli seco, me sentei no chão e me permiti chorar, gritar e clamar a Deus que tudo acabasse logo porque é tanto sofrimento que você passa a pedir a Deus que leve logo a pessoa.


Então liguei novamente para meus irmãos e falei o que a médica me relatou.

Minha mãe foi sedada no sábado de manhã, no mesmo dia faleceu, nunca esquecerei 09/10/21, o dia em que perdi a melhor coisa da minha vida, minha parceira, amiga, mãe. 


Até hoje sinto sua falta, entendo a partida, aceito tudo que aconteceu porque Deus é perfeito mesmo na morte, mas a saudade é diária e aumenta dia após dia. 


A vida é tão louca, nunca imaginei perder alguém assim de forma tão brutal, tão rápido. 


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