Conheci minha esposa no trabalho, parecia uma mulher forte mesmo com um porte pequeno, me chamou atenção pelo jeito carinhoso. Namoramos, noivamos e casamos. 

Nosso casamento foi muito bom nos primeiros anos até o nascimento de nossa filha. Um ano depois a menina ainda mamava e minha esposa recebeu o diagnóstico de câncer. 

Daí pra frente se inicia o seu tratamento difícil, caro, doloroso e em uma outra cidade. Pouco depois o câncer chegou ao fígado e aí foram aproximadamente oito anos de tratamento em que ela levou uma vida relativamente normal. 

Até o fim do ano passado a doença se espalhou para o pulmão, cabeça e ossos. O que me chamou a atenção foi a velocidade devastadora que a doença se espalhou nessa fase final. 

Na cabeça foram dois nódulos e a médica me advertiu, ela disse olhe ela vai ficar com lapsos de memória, pode ficar agressiva e realmente ficou. Me agrediu uma vez e no dia seguinte não lembrava. Foi ficando mais e mais debilitada a ponto de não andar e depender de sonda para se alimentar. 

Algumas coisas são bem marcantes, o posicionamento da família é bem curioso. A grande maioria se afasta, minha esposa morreu e o pai não a viu. Algo que certamente ela sentiu muito. Não sei se em algum momento ela teve raiva ou mágoa dessa situação. 

Hoje, sete meses depois, fica a saudade e o desejo de que um dia nós possamos nos encontrar de novo.