Em 2011, tinha 39 anos, fui diagnosticada com um câncer de mama no duto da glândula mamária. Me submeti a uma mastectomia radical, com reconstrução feita na hora. Foi feita a busca do linfonodo sentinela, mas estava tudo bem. 

Não foi preciso fazer tratamento nenhum, fiquei só acompanhando a cada 6 meses com exames. Em 2014 (42 anos), tive o segundo câncer. Do mesmo lado, direito, só que na axila. Esse veio em forma de nódulo, diferente do outro da mama. Na cirurgia ele foi retirado para biópsia junto com 12 linfonodos. 

Para minha surpresa, 9 linfonodos já estavam com metástase. Então fiz a segunda cirurgia para realizar o esvaziamento axilar. Fiz 6 meses de quimioterapia e 32 sessões de radioterapia. Continuei o acompanhamento a cada 6 meses e em janeiro do ano passado tinha recebido alta para fazer os exames. Por motivo de mudança de cidade resolvi adiantar meus exames e em 2021 (49 anos) numa ultra de rotina fui surpreendida com a suspeita de um novo câncer, desta vez do lado esquerdo. Atualmente estou em tratamento quimioterápico que termina dia 14 de abril. 

Diante de toda essa situação de 3 câncer já, resolvi procurar um geneticista e investigar a respeito disso tudo tendo em vista os casos de câncer na família. A maioria depois do primeiro que tive em 2011. Fiz um exame chamado BRCA1 e 2 e ele deu negativo para câncer de origem genética. Então fui orientada a fazer outro exame chamado painel NGS para câncer de mama/ovário hereditário com análise de CNV. Esse exame acusou patogênico para o gene TP53, ou seja eu tenho uma predisposição no meu organismo a ter outro câncer. Não é certeza, mas por conta desse resultado preciso monitorar melhor a minha saúde fazendo uma ressonância anual do corpo todo incluindo o cérebro. Minha filha e minhas irmãs foram orientadas a fazer esse teste genético para saber se elas também têm essa predisposição. O tratamento que estou fazendo que a princípio iria dar continuidade com a cirurgia e depois a radioterapia, teve que ser alterado. irei sim fazer a mastectomia total agora, mas a radioterapia foi cancelada. 

Os médicos geneticistas e a oncologista me explicaram que a radiação da rádio pode estimular o aparecimento do tumor. Inclusive os exames de imagens como raio x e tomografia devem ser feitos em extrema necessidade, por conta da radiação também. Sou uma pessoa de muita fé em DEUS e em Nossa Senhora Aparecida e não me deixo abater por essas situações que a vida está me fazendo passar. Acredito que podemos aprender muito com as dificuldades e tudo tem seu propósito. De todos esses anos que passei desde 2011 até agora, consegui com minha história de vida ajudar muitas pessoas a enfrentar essa luta de cabeça erguida, respeitando seu tempo e sentimentos quando precisam, mas nunca desistindo de viver.