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  • Izabella. - Câncer Colorretal
    "Desabafos de alguém que teve um tratamento de sucesso, ainda está em acompanhamento, mas agora luta com os fantasmas da doença e a falta de empatia do próximo."

De repente, fui diagnosticada com câncer colorretal aos 33 anos. Tive sangramento fecal, acharam que era hemorroida interna e, quando fui fazer o procedimento para cauterizá-la, tcharam: um tumor.

A boa notícia? Muito inicial, não precisei de terapias adjuvantes. A má notícia? Após a cirurgia para retirada do tumor e colocação da bolsa de ostomia, tive retenção urinária, tornando tudo ainda mais difícil. Foram meses de sufoco e desespero até a segunda cirurgia, quando religaram meu trânsito intestinal. A vida estava voltando ao normal.

Agora, faço acompanhamento a cada três meses e, fisicamente, estou ótima. Mas psicologicamente... não posso dizer o mesmo. O medo me assombra o tempo todo. Acho que todos nós que passamos por isso vamos enfrentá-lo para sempre. Mas o que mais me entristece é a falta de empatia. Felizmente, tenho uma rede de apoio incrível, mas sempre aparece alguém para subestimar, para fazer parecer que minha dor é drama.

Também perdi meu emprego por questões da empresa e, desde o diagnóstico, tem sido uma luta me reinserir no mercado de trabalho. Tenho qualidade de vida, mas meu organismo ficou mais fraco. E, ironicamente, sou fisioterapeuta – preciso do meu físico para trabalhar. Mas ninguém quer saber disso. Ouvi coisas como: "Todo mundo quer uma vaga em que se sinta confortável." Todo mundo quer. Eu, preciso.

Diante de todas as dificuldades que essa doença traz, pouco se fala sobre essa – a reinserção profissional. Me pego refletindo muito nisso.

Mas, no fim das contas, estou bem. Confesso que, depois de tudo que passei, jamais imaginei que meu maior problema hoje seria o trabalho e não a saúde. Então, dos males, o menor.

Para quem estiver me lendo: o câncer não é uma sentença, não é algo inominável, não significa que não podemos mais ter qualidade de vida. Pelo contrário, a medicina avançou e nos ajuda cada vez mais a enfrentar esse monstro. Mas, infelizmente, com certa frequência, a casa costuma ser assombrada por ele.

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