Em outubro de 2011 a terrível notícia veio no momento do exame, olhei o coletor na mão do médico com um líquido escuro, perguntei se era o líquido do pulmão do meu pai, a confirmação tirou meu chão. 

Em seguida me mostrou o jarro com capacidade para dois litros e informou que estava cheio e o que estava em sua mão iria para o exames e biópsia apenas para diagnosticar qual o tipo de malignidade que estávamos lidando. Digo, estávamos porque desse momento em diante , o diagnóstico, começa uma luta constante da família, da equipe médica, enfermeiros e quem mais estiver envolvido. 

Nesse mesmo dia o prognóstico foi de seis meses, todas as informações se confirmaram, o câncer do meu pai já tinha destruído seu pulmão esquerdo, somente um transplante teria alguma chance para ele, que do alto dos seus 74 anos, não resistiria. Em menos de um mês iniciou as quimios paliativas, meu pai foi tão maravilhoso mesmo diante de tanta dor e sofrimento, foram realmente seis meses até a sua última semana, tão dolorosa. 

Eu e meu irmão cuidávamos dele e de nossa mãe que estava acamada há um ano. Se passaram 11 anos e em dezembro de 2022, depois de dois anos com pancitopenia, o diagnóstico de Mieloma Múltiplo, novamente a palavra paliativo devido a idade e comorbidades, não sei nem como traduzir a tristeza de acompanhar a quimioterapia, a falta de energia, o não aceitar líquido, alimentação.

 Depois da última semana não conseguir dar água e pedir, a febre, a inconsciência. Tenho muita esperança que um dia a ciência possa encontrar soluções que exterminem essa doença ou ao menos tenham recursos que aliviem as consequências do tratamento. Sei que a descoberta de um tumor não é uma sentença de morte em muitos casos, mas a minha experiência e da minha família não teve outro desfecho infelizmente.