Confira aqui os depoimentos
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Lilian - Tumores Cerebrais / Sistema Nervoso Central
"Qualquer sinal de que não está bem procurem o médico."
A luta da minha mãe começou em janeiro de 2023. Minha mãe era uma mulher muito forte aos 70 anos! Fazia caminhada, cuidava da alimentação e da saúde, realizando seus exames periodicamente. No dia 10 de janeiro, era o almoço de aniversário da minha irmã, e a família estava reunida. Minha mãe passou mal e teve o que parecia ser um AVC. Corremos e a levamos para a emergência mais próxima de casa. Chegando lá, ela foi atendida e ficou em observação realizando exames (tomografia de crânio e ressonância). Foi então que veio a pior notícia do mundo: um tumor no cérebro. Ela teria que operar rapidamente.
Ajustamos tudo e, no dia 20 de janeiro, ela realizou a cirurgia para a retirada do tumor. A cirurgia ocorreu bem, e minha mãe saiu do centro cirúrgico direto para a UTI. Foram dias de desespero, pois um edema se formou ao lado do local do tumor e não cedia, fazendo a pressão intracraniana subir. Ela não reagia! Oramos muito para que Deus nos desse a oportunidade de vê-la, pelo menos, no quarto para que pudéssemos demonstrar o amor que sentíamos por ela. E assim foi feito! Ela teve uma melhora e foi para o quarto, mas então veio a surpresa: ela perdeu os movimentos do lado esquerdo. Menos mal, pensamos.
Logo em seguida, saiu o resultado da biópsia: glioblastoma grau IV, um tumor agressivo e com mínimas chances de cura. Nosso mundo caiu. Ela teve alta no dia 6 de fevereiro de 2023 com recomendações médicas de quimioterapia oral e radioterapia. Ela seguiu tudo certinho e ficou muito bem até o dia 24 de outubro, quando, ao levantar-se para ir ao banheiro, caiu e ficou muito debilitada, passando a usar cadeira de banho e cadeira de rodas. Minha mãe nunca mais foi a mesma após essa queda. Ficou internada por uma semana e, ao retornar, ficou dependente de minha irmã, meu pai e meu filho, que foram seus braços e pernas a partir de então.
Foram meses de muita luta. Além disso, ela convulsionava todos os meses, o que fez com que as doses de anticonvulsivantes aumentassem cada vez mais, enfraquecendo seu organismo. Ela já não levantava mais, precisava de ajuda para tudo e passou a usar fraldas. A comida tinha que ser dada na boca e, com o tempo, ela passou a se alimentar de comidas pastosas, pois começou a engasgar. Passava o dia na cama, dormindo, muito molinha, e já não interagia como antes.
Na semana passada, no dia 23 de julho, fui visitá-la, e ela estava muito abatida. Naquele dia, senti que a luta estava chegando ao fim. Meu pai e minha irmã, tão dedicados, nunca se cansavam de cuidar e dar amor a ela. Nunca vi nada igual! Fiquei de voltar no sábado, dia 27 de julho, para ficar com ela. Saí do trabalho às 13:30 e, quando entrei no ônibus, recebi uma mensagem da minha irmã informando que ela tinha passado mal. Logo em seguida, veio a notícia de que ela havia falecido em casa.
Foi, e ainda está sendo, uma das maiores dores que já senti na vida. Minha mãe, linda e vaidosa, mulher sábia e amiga de todos, excelente esposa, avó e mãe dedicada, havia partido para os braços do Senhor. A doença venceu, mas a lição que ela nos deixou foi de muita garra e amor à vida. Minha mãe, Normélia, a senhora foi uma guerreira, lutou até o último dia.
Foram um ano e sete meses de luta. 27/07/24.