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Maria Luciene Simão - Câncer de Pulmão de Pequenas Células
Suspeita do câncer em consultório particular e demais tratamentos foram feitos em Hospital Municipal da cidade.
O ano de 2015 trouxe grandes desafios e infelizmente terminei o ano basicamente sem os meus pais.
No dia 02 de agosto meu pai caiu e fraturou a cabeça do fêmur, até então ele e minha mãe, ambos com 83 anos, viviam sozinhos e cuidavam de suas vidinhas dependendo dos filhos apenas para poucas coisas como levar ao médico, supermercado ou receber a aposentadoria dele que dava tranquilamente para os dois viverem. Deste dia em diante a minha vida e de meus irmãos sofreu um baque, pois meu pai apesar de ter sido encaminhado até rápido para um hospital para realização da cirurgia, desenvolveu uma septicemia e após 47 dias de luta, 7 últimos vividos dentro de uma UTI, veio a falecer no dia 18/09.
Providenciamos a mudança de minha mãe para uma casa ao lado da minha e exatamente 30 dias depois (18/10), recebemos o diagnóstico de que ela estava com câncer de pulmão. Não sabíamos estadiamento e nem conhecíamos nada sobre câncer, pois na família nunca antes houve alguém próximo que tivesse passado por isto. O médico que fez a toracentese (pois ela apresentava Derrame Pleural Volumoso) retirou 2,2lt de sangue da pleura e solicitou que retornássemos dentro de uma semana para verificar o estado de saúde dela, que infelizmente piorou e a levou à primeira internação de 14 dias para fazer a biópsia para identificar o tipo de CA de Pulmão.
Nos desesperamos de ter que ficar 18 dias esperando o resultado da biópsia em casa e antes do médico nos dar o resultado busquei a biópsia no laboratório e consegui montar a pasta e abrir ficha para ela no Hospital do Câncer da cidade. Quando o médico nos chamou para o diagnóstico e dizendo que iria nos encaminha para o HC informei que a consulta dela já estava agendada para dali há 2 dias.
No dia da consulta, a oncologista que nos atendeu já veio dizendo que não tinha mais o que fazer e que ela iria encaminhá-la para os cuidados paliativos, pois o tempo que ela tinha era curtíssimo. Isso era dia 25/11 e no dia 26/11 em uma nova consulta, já foi constatada a necessidade do O2. No dia 28/11 ela começou a passar muito mal, chamei meus irmãos e passamos 24 horas a vigiando, mas no dia 29/11 ela ficou cianótica e eu, no desespero, coloquei-a no carro e corri para a unidade de atendimento próxima à nossa residência.
O médico queria deixá-la internada, mas não tinha leito e ele queria que ela ficasse em uma maca no corredor; eu não deixei, pois nem lençóis para forrar a maca eles tinham. Levei-a para casa, dei banho e no dia 30 a levei ao Hospital Municipal com um exame de sangue que acusava infecção altíssima e os obriguei a interná-la.
Foram 35 dias de internação. Arrumei a casa para recebê-la de volta, mas ela não voltou mais. Ficou oscilando entre dias em que não respondia nada, dormia o dia inteiro, dias de delírio total, dias de nervosismo exagerado e dias (raros) em que apresentava-se consciente.
Não foi fácil, meus irmãos não quiseram ajudar muito, reclamavam de ter de ficar no Hospital. Apenas eu e uma das meninas não reclamávamos. Eu, basicamente ia ao Hospital todos os dias, ficava das 8 da manhã às 8 da noite com ela e quando alguém se prontificava a ficar durante o dia eu ia das 8 da noite às 8 da manhã do outro dia.
Deixei minha casa, minha filhinha de apenas 4 anos, deixei tudo para ficar com ela e faria tudo outra vez. Mas no dia 4/1/16 às 16 horas minha mãe nos deixou. Partiu... foi se encontrar com meu pai.
Estou sofrendo, mas sei que hoje ela não está mais sofrendo tanto, provavelmente está se tratando no plano espiritual e de lá vela por nós que aqui ficamos. Um dia nos reencontraremos.