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Mirela. - Câncer de Mama
"Superação e Ressignificação após o Câncer de Mama Triplo Positivo"
O ano de 2022 começou com muita alegria e repleto de conquistas profissionais pelas quais batalhei muito. No entanto, em junho daquele ano, mesmo com os exames em dia, senti um nódulo grande na mama direita enquanto tomava banho. Detalhe: era o dia em que eu completava seis anos de casamento. No final de julho, realizei minha primeira sessão de quimioterapia. Logo perdi os cabelos, um dos efeitos colaterais mais difíceis de aceitar. Além de impactante, ele se torna uma lembrança constante de tudo o que você passou.
A segunda fase do tratamento quimioterápico foi mais tranquila, pois era uma quimioterapia associada à terapia-alvo. Ao final, um PET mostrou uma resposta completa ao tratamento. Segui então para a cirurgia de quadrantectomia, muito feliz e confiante de que, a partir daquele momento, minha vida voltaria ao “normal”. A cirurgia foi um sucesso. Porém, dias depois de sair do hospital, minha mãe foi internada e, devido a um quadro de sepse, faleceu. Outro detalhe: era 25 de dezembro. Assim, eu teria outra data emblemática para ressignificar.
Em janeiro de 2023, passei pela radioterapia. A princípio, ela parecia inofensiva, mas logo senti efeitos colaterais no pulmão. De qualquer forma, na luta pela cura, tudo vale a pena e é superado. Ainda no ano passado, realizei 14 sessões com uma medicação-alvo e iniciei o bloqueio hormonal com tamoxifeno e zoladex. Depois de toda essa batalha, começamos a olhar para nós mesmos e percebemos que aquela vida “normal” de antes do diagnóstico não nos pertence mais.
As prioridades mudam, o corpo muda, e a mente também. Temos cicatrizes físicas, aumento de peso, o cabelo crescendo e, no meu caso, a menopausa induzida pelas medicações de bloqueio hormonal. Muitas vezes, tudo isso é irrelevante em comparação ao medo de uma recidiva ou de um novo câncer, um medo que vai e vem e que trabalho muito em terapia.
Apesar de todo o relato, quero deixar uma mensagem de coragem e esperança para todas as mulheres que passam por um tratamento de câncer de mama. A vontade de viver é imensa: continuar trabalhando, ver meus filhos crescerem e envelhecer ao lado do meu marido. Temos os avanços da medicina a nosso favor, e é fundamental sensibilizar as pessoas para essa doença que acomete cada vez mais mulheres jovens e com hábitos de vida saudáveis, como era o meu caso.
Amigos, familiares, empresas e a sociedade, em geral, precisam entender que o diagnóstico de câncer de mama não é um fim, mas uma fase a ser superada. E todos podem contribuir para isso. Além de uma fase, pode ser um recomeço. Desejo força, amor, união e saúde a todas as pessoas que estão passando ou passaram por um tratamento de câncer.