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  • M.M. - Tumores Cerebrais / Sistema Nervoso Central
    "O que a vida quer da gente é coragem."

Da cirurgia ao desfecho, foram 408 dias, 6 internações, cerca de 100 dias em tratamentos dentro de uma clínica ou hospital, mais de 80 exames realizados, quase 40 tipos de remédios diferentes administrados, mais de 15 médicos dando suporte ao caso. 


E em cada um destes dias, o exercício foi o dessa coragem, que o poeta bem diz, que a vida nos pede. Coragem para o Roberto, para a mãe, para as filhas e companheira, para as irmãs, para os amigos. 


O outro grande aprendizado desta jornada é que nada podemos sozinhos. Precisamos de nossa rede para enfrentarmos tudo de forma menos dolorosa. Aprendemos sobre a vulnerabilidade que o amor traz (como bem disse a dra Mariana, oncologista), sobre a nossa impotência diante das situações desafiadoras e sobre fé nos desígnios do Criador. Porque não pode ser "por acaso” uma doença como esta, enfrentada por uma pessoa como ele, com a família e amigos que cultivou. 


O propósito disso tudo é muito maior e foge da nossa compreensão humana. O exercício aqui é o do desapego, da aceitação, da confiança. Tudo o que aconteceu foi na direção do que precisava ser. E precisávamos encarar a morte para valorizarmos a vida com toda a sua potência e beleza. 


E sob a perspectiva de quem está apenas "do lado", junto - encarando todos os dias a clareza (e impotência) de não saber de fato qual era o tamanho do medo que se ocupava da mente e coração do nosso irmão - a nossa dedicação sempre foi de oferecer o que sabíamos dar, do nosso jeito. E de alguma forma, fomos enxergando e aceitando aos poucos que tudo se tratava do processo dele exclusivamente e que nós tínhamos o controle sobre poucas coisas. 


Sentimos junto com ele a raiva, tristeza, impotência, entendimento, aceitação, fé e confiança - vivemos exatamente todos os ciclos que ele vivenciou ao longo da doença. E não deixamos ele se sentir só, entendendo que a nossa forma de amar era entregando nossa presença constante, durante todo o processo. 


Agradecemos demais à toda a rede de cuidado médico, que fez parte da jornada, ajudando e acalentando de alguma forma nosso coração e nossa alma. Facilitando um processo, solicitando um exame, realizando uma liberação, indicando uma medicação, acolhendo de alguma forma... fazendo algo que trouxesse mais conforto numa situação em que a pauta era "lutar pela vida”. 


Pensamos muito pouco sobre a morte, durante a nossa vida. São nesses eventos que a ficha cai e a gente se percebe humano e finito para esta vida terrena. Nosso irmão continua vivo em nossas memórias, em nosso coração, com todo o amor que nos conecta. Seguimos pensando na vida que queremos viver e com quem queremos estar ao nosso lado. Porque o grande aprendizado está na coleção de boas lembranças que podemos ter, com pessoas que amamos, sabendo viver uma vida de mais propósito.


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