Começou com uma dor na perna esquerda e nosso filho levou seu pai ao ortopedista.

Tomou umas medicações que não adiantaram muito, mas aliviaram um pouco. Ele estava ajudando nosso filho nas montagens, e nas horas vagas estava reformando minha cozinha, tinha aposentado em agosto. 

Passaram as dores nas pernas e começou a ficar muito cansado e sonolento: dormia até sentado, tinha uma dorzinha leve de cabeça de vez em quando e ficava meio confuso.

O médico dizia para fazer isolamento e teste para COVID19, e assim ficamos até dia 26/03/2021. Eu tive que invadir a sala do médico e falar: eu não sou médica, mas não precisa ser médica para saber os sintomas de um AVC. 

Aí ele deu mais atenção, implorei para uma tomografia, até que fiz particular. Resultado: AVC hemorrágico, pedi uma ambulância urgente que demorou 13 horas. 

Chegando ao hospital os neurocirurgiões me disseram que não era um AVC, era um tumor e ele teria que fazer uma cirurgia de emergência. Resultado: 13 dias de UTI, 8 dias entubado, depois de 24 dias de enfermaria até a alta.

Quando chegou em casa não falava, não andava, mas chegou a carregar nosso neto no colo e a beijá-lo, me fazer cafuné, comia sopa de legumes em pedaços e então a médica oncologista disse que ele não aguentaria a radioterapia.

Não consegui vaga para fisioterapia e fonoaudióloga, até que depois de 30 dias em casa tive que pedir para colocar sonda, ele já estava 3 dias sem alimentação e medicação. 

Voltamos para casa e veio uma pneumonia, voltamos para o hospital.  Passamos dois dias esperando vaga na Santa Casa, ele tinha muita dor, falta de ar, secreção na garganta e no pulmão. 

Ele segurava forte na minha mão, até que falei para ele: vai em paz, você está sofrendo muito, não se preocupe comigo! Vou sofrer com a sua falta, mas nosso filho vai cuidar de mim. Se está sofrendo por mim, vai em paz, amo você!

Não passaram 10 minutos, ele apertou minha mão e soltou aos poucos, e se foi pra sempre na madrugada do dia 22/06/2021 às 05:04 da manhã.