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Paulo Mariano da Silva - Câncer de Pâncreas
Tínhamos a convicção que para vencê-lo precisaríamos mais do que os médicos. Diante do quadro clínico definido a internação dela foi inevitável para primeiro combater a dor e segundo iniciar o tratamento quimioterápico.
Era final de abril de 2017 e a Sonia vinha reclamando de uma pequena dor na parte lombar esquerda, então sugeri que tomasse um analgésico. Entretanto, a dor permaneceu e diante disso, insisti mais uma vez que fosse a farmácia e tomasse cortisona injetável. No dia 26, ela me ligou dizendo que a dor continuava, então recomendei a ela que fosse para o hospital (Hospital Le Forte) e eu iria deslocar-me para lá, deu entrada no pronto socorro para alguns exames e aplicação de soro. Também os médicos solicitaram uma tomografia. No dia 27 de abril, fomos chamados pelos médicos e equipe para informar o resultado da tomografia, foi o momento da expectativa e o silêncio momentâneo dos médicos assustaram a mim e a ela, a informação sobre o resultado foi passada lentamente e com os devidos cuidados, o exame revelou um câncer de pâncreas – um monstro que tinha se alojado na delicada mulher, com um pequeno avanço no fígado. Caímos em prantos incontroláveis, procurando saber o porquê, estávamos sob a ameaça desse monstro, que desafia a ciência. Essa notícia viria interromper as nossas preparações para viajarmos para os Estados Unídos da América - teria que ser postergada.
Nossa jornada iria começar a partir daquele 27 de abril de 2017, estávamos diante de um mal que atormenta a medicina e a família. E eu e Sonia, tão fragilizados naquele momento, como enfrentar a essa terrível doença... Os médicos nos consolaram. A partir dessa situação, até então estávamos depositando nossa fé nas entidades religiosas - Deus, em Cristo, na religião evangélica, no espiritismo e crenças – certamente essas entidade seriam confrontadas, ao longo do processo do tratamento da Sonia, não poderia ser diferente. Nesse momento queríamos saber o porque conosco de tal atrocidade. A resposta esgotou-se num vazio.
A Sonia diante desse quadro clínico daria demonstração de coragem, determinação e serenidade. Nesse momento, em especial, eu iria colocar diversas entidade a provas: Deus, Cristo, as religiões, o espiritismo nossas crenças. Nessa circunstância teríamos que vencer todos os dogmas e preconceitos para combater o monstro que se alojou no corpo da Sonia. Tínhamos a convicção que para vencê-lo precisaríamos mais do que os médicos.
Diante do quadro clínico definido a internação dela foi inevitável para primeiro combater a dor e segundo iniciar o tratamento quimioterápico. Naquele momento não tínhamos ideia de quão doloroso, em especial para ela, que sempre foi muito delicada - seria o processo de enfrentamento dessa doença. A internação da Sonia durou 15 dias, durante esse período foi instalado um Port-A-Cath nela para realizações das quimioterapias que viriam, recebeu analgésicos para evitar as dores e realizou a primeira sessão do tratamento no hospital.
A notícia desse monstro que se alojou na Sonia, trouxe a mim e a ela perda de peso, naquele momento de 10 kg cada um, tal foi o choque. A mim não me preocupou muito, mas para a Sonia assustava ela se emagrecesse mais, felizmente não ocorreu.
Conversarmos com a equipe médica sobre a possibilidade da cirurgia – cirurgia e recomendável com estadiamento I e II, três e quanto não é operável, à medida que a quimioterapia teria um efeito paliativo, mas essa conduta estava descartada frente a complexidade da cirurgia e seus riscos e expansão da metástase. Infelizmente, nessa situação recebe-se a sentença de morte – quantos horas, quantos dias, quantos meses e quantos anos esse paciente vai resistir. A quimioterapia e seus inúmeros efeitos colaterais vai começar até quando. Se o câncer não matar, a quimioterapia fará.