Fui diagnosticada com câncer colorretal metastático (Estágio IV) em 2021, havia acabado de completar 33 anos, no ponto mais alto da minha carreira, completamente realizada. Após fazer uma trilha da Pedra do Telégrafo (RJ), já na volta da trilha comecei a sentir dor abdominal. Antes disso, não apresentei nenhum sintoma, tinha uma vida ativa e alimentação saudável. Por ser militar, tinha uma rotina regular de atividade física e avaliação médica.

A minha dor abdominal foi tratada inicialmente como gases e prescrito simeticona, porém em uma semana a dor já havia se tornado insuportável o que me fez ir para o pronto atendimento para analgesia intravenosa. Após ser medicada, fui submetida a uma RM que evidenciou uma massa no intestino e que já havia tomado todo o fígado (praticamente não tinha tecido saudável no fígado). Passei por uma cirurgia para retirada do tumor do intestino que está obstruído, iniciei a quimioterapia um mês após a cirurgia devido a complicações pós-operatórias que me renderam um mês de internação hospitalar. A quimioterapia era uma tentativa para reduzir a quantidade de tumores do fígado para que ele se tornasse operável, uma cirurgia arriscada porém a única alternativa. Após um ano de quimioterapia e imunoterapia associada, os tumores não haviam desaparecido, mas o organismo já estava saturado de medicação e os médicos concordaram que seria o momento de realizar a cirurgia no fígado mesmo que ainda muito arriscada.

O plano de saúde não autorizou a cirurgia de imediato, precisei entrar na justiça e uns meses depois a cirurgia foi enfim autorizada. Precisei refazer os exames pré-operatórios devido ao tempo que havia ficado aguardando e para minha surpresa (e dos médicos) não havia mais tumores em meu fígado. Os médicos me disseram que a cirurgia não seria realizada pois não havia o que operar mas que isso não configurava cura. Então estamos acompanhando de perto com períodos curtos entre as consultas na esperança de que eles não voltem e se voltarem que tenhamos tempo hábil para agir.