Estou deixando este depoimento porque nos meus desesperos procurava aqui respostas. 

Tudo foi tudo muito rápido e dolorido. Meu marido começou a ter uns comportamentos estranhos. Não lembrava como fazer uma omelete, não conseguia mandar uma simples mensagem, não conseguia tirar o carro da garagem. Isso em questão de 15 dias, eu já observando. Já comecei a ficar desesperada porque não era normal.

Liguei para um amigo, nosso médico, que pediu para fazer uns exames de sangue e uma ressonância magnética, no dia 17/02/2021. Quando ele foi para a ressonância já começou a ter um pouco de dificuldades do lado direito do seu corpo e da ressonância ele foi internado, nem voltou para casa. Dia 22/02/2021 ele fez sua primeira cirurgia. Tinha dois tumores no cérebro e diagnóstico de Glioblastoma grau 4.

Meu mundo que já estava de pernas pro ar, desabou de vez. 

Ele ficou um mês internado, no meio desta pandemia toda, eu e familiares também.

Teve alta hospitalar e foi para cama, neste período teve uma pequena melhora na parte direita de seu corpo, mas o cérebro estava bem devagar, não conseguindo formular frases. Em casa (com cama hospitalar), com ajuda de fisioterapia, deu uma melhorada e até alguns passou começou a dar.

Infelizmente, um mês depois começaram a vazar seus pontos e teve que voltar ao hospital. Lá abriram a cabeça dele novamente pois teve rejeição da placa que coloca na cabeça, e no dia abriram novamente porque ele teve uma hemorragia. Dias difíceis: lá se foram mais 18 dias de hospital, dias insuportáveis.

Teve alta novamente e voltamos para casa, agora mais debilitado, ainda sentia dores nos braços e na perna direita. Neste período fui à consulta da oncologista. No caso dele não era recomendado nada, nem quimioterapia e nem radioterapia. Enfim, era cuidar para dar qualidade de vida e era também o que eu desejava, pois ele aguentaria reações de químicos durante este período em casa. 

Fazíamos o que era melhor para dar conforto e qualidade de vida e bem estar. Pedia a Deus que não tivesse dores de cabeça fortes e ele não teve. Pedia a Deus que ele entrasse em coma quando fosse partir. Deus ouviu minhas preces. Ele estava debilitado até para falar, não conseguia mais falar.

Até que ao dar janta para ele, pois dava na boca, ele fechou os olhos e não abriu mais.

Levamos ao hospital e ele faleceu dia 12.07.2021.

Eu já sabia que o tipo do tumor dele era agressivo e foi mesmo tudo muito rápido. Pena que este tumor só dá sinais quando avançando. O do meu marido foi assim, quando percebemos algo errado já corremos, mas não foi suficiente. Neste percurso ele teve uma convulsão parcial mesmo com o medicamento.

Agora restam saudades do meu marido e aprender a viver sem ele.

Implorei pela misericórdia Divina quando ele foi ao hospital em coma. Acabou o sofrimento dele.