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  • Tarsis Mariana Voloschen - Linfoma Não Hodgkin
    Mesmo partindo, meu guerreiro venceu...
Começo meu depoimento contando que meu guerreiro se foi. Não posso dizer que nós perdemos a batalha porque ele venceu, lutou e se agarrou a vida até o fim. Agora está em paz, nas mãos de Deus. 

Descobrimos um linfoma não Hodgkin em meu pai em novembro de 2014, após um tratamento de infiltração na coluna. A partir desse momento, nossas vidas mudaram, o câncer uniu a família e demos toda força e apoio a ele. 

Mesmo com tanto apoio ele se deixou levar pela depressão, mas nós não desistimos. Após aceito o diagnóstico de um linfoma complicado, porém curável, fomos em frente com o tratamento. Logo após a primeira quimioterapia ele já teve uma melhora, repensou a vida, os valores, decidiu viver mais, aproveitar mais a família e não dar o valor que dava aos problemas diários. 

Já em dezembro, teve a primeira queda na evolução do tratamento e passou o Natal na UTI, foi um momento muito triste para toda a família. 

Na virada do ano, teve alta e passamos juntos. Tive a oportunidade de pedir perdão a ele por não ter sido uma filha presente, sempre fomos de gênios fortes e eu demorei uma vida para descobrir o tamanho do meu amor por ele. 

Passado o ano...janeiro...fevereiro, mais tempo internado do que em casa... apenas 3 quimioterapias... Apenas 4 meses... Os médicos nos deram a notícia que as sessões de quimioterapia não estavam fazendo efeito e o tumor no abdômen dele estava cada vez maior, com quase 20 cm.

Meu pai estava entrando em fase terminal e nós não entendíamos como tudo aconteceu. No dia 27 de fevereiro meu pai se internou para nunca mais voltar, tivemos a notícia que deveríamos só esperar, não tinha mais o que fazer.

Em 10 dias, vi meu pai mudar de faces mil vezes, vi toda sua força, seu amor pela vida, seu sofrimento... Ainda não entendíamos como, mas só tínhamos que esperar. 

Passei junto a minha mãe, o fim de semana todo com ele no hospital. Os médicos sedaram meu pai e ele precisava de 50ml de morfina por hora. Mesmo com tanto sedativo, meu guerreiro teve forças um dia antes de sua partida, de se colocar em pé, tirar os acessos, a fralda e implorar para ir embora. 

Na sua última noite, meu pai já não conseguia falar, o pulmão estava quase cheio de líquido e o tumor estava pressionando cada vez mais. O som de sua respiração era aterrorizante. 

Tirando forças do fundo da alma, ele pediu para ficarmos ao lado dele e para acabarmos com o sofrimento dele. E assim foi, implorei a Deus para tirar ele do sofrimento e fiquei ao lado dele até o fim... às 12h30 do dia 08 de março, meu guerreiro se foi, segurei sua mão, e falei em seu ouvido para partir em paz, tenho certeza que ele me ouviu e em seu último suspiro vi a paz em seus olhos. 

Espero um dia superar essa dor, sei que meu guerreiro partiu dessa vida com apenas 54 anos, porque cumpriu sua missão. Assim como nós familiares temos que ter forças para seguir e cumprir as nossas. 

Mesmo com menos de uma semana, ao lembrar dele sinto uma paz por ter cumprido meu papel, pude demonstrar todo meu amor por ele. Lamento intensamente não ter aproveitado e entendido a importância do meu pai em minha vida. 

Por isso à todos vocês, que têm familiares enfrentando essa doença tão cruel, não deixem o tempo passar. Infelizmente não pude ver o meu pai se curar, mas ele está em paz e isso já me conforta. Mas não percam tempo, demonstrem amor, dêem força e motivem seus queridos.

Espero que todos vocês tenham a oportunidade de amar e viver intensamente após a cura. Tenham fé!

Daniel Voloschen, fica aqui registrado o meu amor por você, meu pai, meu eterno guerreiro, descanse em paz.
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